Tb já trabalhei com vendas e assessoramento de clientes. Para mim, o pior era ter que aturar as métricas imbecis de avaliação de desempenho com base em metas de vendas. Estou para ver um sistema que induza mais às picaretagens e ao stress do trabalhador. Essa, graças a Deus, foi uma experiência curta, mas vi os mesmos problemas em todas as empresas por onde passei, o que acabou motivando o tema da minha dissertação de mestrado, que tem me levado a uma viagem muito interessante a respeito da motivação no trabalho e do real comprometimento dos trabalhadores. Gostaria de dividir aqui alguns trechos pequenos da dissertação.
A maioria das empresas está impregnada com essa mentalidade do "faça isto e te darei aquilo" para motivar seus funcionários. Nós mesmos, quando criamos nossos filhos, adotamos esta mentalidade, sem saber do perigo que se esconde neste artifício tão simples para condicionar o comportamento alheio. É como diz Alfie Kohn, em seu livro "Punidos pelas recompensas", leitura obrigatória para gestores e pais responsáveis:
“Há um tempo para se admirar o encanto e o poder persuasivo de uma idéia influente, como há um tempo para se temer que ela nos sufoque. O tempo para nos preocupar ocorre quando a idéia se expandiu a tal modo que nem sequer a notamos e tão profundas se tornam suas raízes que nada mais representa do que o senso comum.” (KOHN, 1993)
Kohn (1993) se refere aos processos mais difundidos de gestão de Recursos Humanos nos dias de hoje, fundamentados nos princípios do Comportamentalismo e no uso intensivo de indicadores e de uma infinidade de outros controles sobre os trabalhadores, limitando sua autonomia de tal forma que se vejam literalmente forçados a direcionar seus esforços em prol da direção apontada pela empresa através dos seus sistema de indicadores. (...)
Nos dias de hoje, é cada vez mais comum nos depararmos com profissionais desmotivados, que simplesmente não conseguem extrair de seu trabalho um sentimento de satisfação ou de realização profissional. O trabalho, nesse caso, deixa de exercer seu papel fundamental como função de auto-estima e realização pessoal, tornando-se inclusive fonte de sofrimento e desilusão. Neste ponto, ele deixa de exercer seu papel crucial, passando a ser visto simplesmente como um mal necessário à obtenção de recursos para que se possa ser feliz longe dele. (...)
(continua em seguida)
(Publicado originalmente por J em 03/10/2006)
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