quarta-feira, outubro 11, 2006

Vaidade

Meu chefe costuma me dizer que as pessoas são movidas pela vaidade. E que esse é um mal que muitos nem percebem. Como ele veio de uma empresa de cosméticos, não é tão surpreendente escutar isso dele. E eu concordo com essa citação.
A vaidade hoje é um tema recorrente, pois muito se fala em produtos de beleza, tinturas, maquilagens, técnicas rejuvenescedoras, bronzeamento artificial, enfim, n técnicas à serviço da beleza! E essa indústria vem crescendo a cada dia. Os homens, que muitas vezes tinham certa aversão ao tema, pois havia um estereótipo de que homem não usa cosméticos, se renderam a essa "mania" e viraram consumidores ativos.
Eu não tenho vergonha em admitir que me cuido bem. Recentemente fiz limpeza de pele (pela primeira vez na vida - nossa, como dói!!!), clareamento dos dentes e tratamento dermatológico. Além disso malho em média 4 vezes por semana - em média 2 com personal trainer - faço dieta elaborada por uma nutricionista especialista em musculação, já usei aparelho nos dentes, gasto um bom dinheiro em roupas e acessórios...
Porém, a vaidade é bem mais amplo do que isso. A vaidade passa pelo trabalho, pelo relacionamento com amigos, pela forma como vivemos. E é justamente aí que mora o perigo. Pois na ânsia de querer aparecer mais, de ser o melhor, muitas vezes se pode passar por cima dos outros. E vale lembrar o ditado que diz que "o direito de um começa quando termina o do outro". Já vi algumas pessoas ficarem "cegas" por questões tolas envolvendo a vaidade.
Na música L'ÂGE D'OR, da Legião Urbana, tem um trecho muito confessional do Renato Russo:

Já tentei muitas coisas, de heroína a Jesus
Tudo que fiz foi por vaidade

Mais uma vez a vaidade movendo várias ações. A vaidade passa pelo sentimento de poder, pois com o poder vem vários benefícios, status. E quer algo mais vaidoso do que status?
Hoje acabei de ler o livro "Quase Tudo", da Danuza Leão. O livro é de memórias dela e tem várias passagens muito interessantes. Uma eu destaco abaixo. É uma passagem em que Danuza volta de uma festa na qual foi vestindo um mega vestido Chanel, emprestado pela Maison Chanel em Paris, a pedido da Lily Marinho, que é muito amiga da Danuza. Segue o trecho:

Lá no fundo eu talvez achasse que, o dia em que uma mulher vestisse um lindo vestido de Chanel e usasse esmeraldas, tudo mudaria, ela passaria a ser outra, mas a verdade é que nada muda e você volta a ser a mesma pessoa de antes. E pensei que, mesmo adorando essas coisas maravilhosas - que, aliás, adoro -, não vale a pena fazer nenhum tipo de concessão para tê-las, pois quando a festa acaba, nada disso quer dizer nada, e nenhuma festa dura para sempre.

Achei essa passagem de uma maturidade fenomenal. Além disso, ela prova que a vaidade é ótima para ser vivida, porém em alguns momentos. Não dá para agir com ela o tempo inteiro. Seria como usar um Chanel ou um colar de diamantes para ficar em casa, ir à feira, ao su´permercado... Como disse Danuza, nenhuma festa dura para sempre... E complemento dizendo que quanto maior a altura (a vaidade), maior o tombo!

3 comentários:

Anônimo disse...

Achei super interessante esse texto pq eu me considero o senhor vaidade. hehehehe. Sempre me cuidei. Ultimamente eu tenho o fisico um pouco a desejar por conta do trabalho, mas no geral, sempre me preocupo com meu corpo, com minhas roupas, perfumes e sempre me preocupei com a minha pele, por conta das malditas espinhas. hahaha. A idade vai chegando e agora a preocupaçao aumenta. Enfim...no entando...o lado ruim da vaidade, que tambem foi abordado nesse texto, fico feliz em saber que nao tenho. Hoje posso dizer que tenho a perfeita noção do direito dos outros e me incomoda muito ver uma pessoa que não tem, que não respeita os outros e quer sempre ser melhor o em tudo. Para mim, o melhor da vida, é ter o que aprender a cada dia e partindo desse pressuposto, como alguém pode pensar que sabe tudo ou que é melhor que todos?
A única observação, que nem sei se pode ser vista como um desacordo ao que foi escrito, mas de repente apenas um adendo, seria sobre Status. Um dia desses aprendi e concordei com isso, que carro de luxo e poder nao dao status, mas ser bem vindo e querido em qualquer lugar sim. A definição que a antropologia dá a palvra status é: condicao de algo ou alguem aos olhos do grupo do qual é parte, ou seja, é o que voce parece ser na visao das outras pessoas. Status é uma coisa que os outros lhe auferem e por conta disso, quase nunca depende de bens materiais ou posicoes hierárquicas. Ou seja, ser uma pessoa agradável a todos com os quais convivemos, ser elegante na sua essencia, isso sim vai te dar Status.

Wow..me empolguei...escrevi pra caramba. Sorry.
hehehehehehehe

Abs

Jorge disse...

Ed,
Pode escrever muito sim. Essa é a intenção, fazer com que as pessoas exponham seus pontos de vista. Eu acho que vc tem razão na parte do status. Porém, isso é mais aplicado em teoria. Na prática, status tb é aparecer em coluna social, ter poder, mandar e desmandar. Pode até ser um "falso status", porém não há hoje uma outra palavra para melhor definir...

Anônimo disse...

É verdade Jorge. Podemos tratar sim como FALSO STATUS. Aquele status que desaparece automaticamente quando voce perde sua posição hierárquica, ou quando voce fica pobre de repente. Onde eu li sobre isso tinha um exemplo clássico de status. O VERDADEIRO STATUS. Jorginho Guinle. Mesmo falido, o playboy, por ser uma pessoas agradável e com uma cultura invejável jamais deixou de ser recebido nos restaurantes e clubes caros que frequentava quando milionário, e sempre atendido e respeitado como antes. Isso significa ter Status.
Falido, mas com Status.
hehehehehe

Como disse no post anterior...estaria apenas fazendo um adendo para complementar o seu texto que já estava ótimo.

Abraços