quarta-feira, outubro 18, 2006

Juventude II

Grande Jorge! Eu pensando em escrever um tópico na mais completa linha “bullshit”, e você me vem com um assunto interessante desses. Fiquei até sem-graça de publicar a besteira que eu ia escrever!! (hehehehehe)

É engraçado, eu também não passei por essa fase meio inconseqüente, nem na adolescência, nem na juventude. Tive poucos (e longos) namoros, e nunca fui de sair ficando com geral. Tomei alguns porres sensacionais na companhia dos meus melhores amigos, mas nunca fiz disso um hábito. Até que viajei muito com o pessoal, mas sempre na aba dos outros e nunca para muito longe (era tão duro que só fui pegar avião a trabalho). É claro que algumas possíveis razões para essa adolescência tão “tranquila” podem ser levantadas:

1. Cheguei aos 16 anos com 1,79m, 60 kg, uns óculos com armação preta tipo do Dexter e um cabelinho bi-iiiito de mongolóide, penteado para o lado. A coisa só foi melhorar (bem pouquinho) aos 20 anos, com 1,84m, 72 kg (após muuuuuita academia e vitamina de abacate, banana e maçã) e lentes de contato. No entanto, apesar das benfeitorias, continuava magrelo, com cara de nerd e com belas e sensuais olheiras de quem usou óculos fortes por uns 12 anos, desde a infância.

2. Passei a maior parte da vida duro que nem um côco. Lembro que teve um (longo) período em que meu pai não tinha grana para ficar dando mesada pra gente. Quando chegava no início do mês, o que ele conseguia fazer era dar para a gente o talão do Ticket Refeição. Como raramente eles vinham em múltiplos de três, era quase como jogar um pedaço de carne podre para os cães famintos, a porrada sempre comia! (rsrsrs) Eu lembro que pedia as promoções mais baratas do McDonald’s ou do Bob’s quando saía com o pessoal, pois assim conseguia troco em dinheiro. Pior era quando o FDP do caixa dava outro ticket de menor valor como troco! (HAHAHAHAHA, eu ficava muito puto!) Junto com uns trocados que minha mãe sempre arranjava para as despesas com ônibus e comida, era essa a grana que eu tinha para “barbarizar” por aí.

3. Meus amigos, apesar de quase todos terem uma situação financeira melhor, também nunca foram de sair fazendo merda por aí, então as más influências não foram um grande problema.

Durante os vinte-e-poucos-anos, a coisa melhorou, mas nem por isso parti para "tirar o atraso" da época de inconsequência. Entre aulas particulares e estágios na faculdade, deu para tirar o pé da lama, mas nem assim eu perdi a cabeça, tanto que meus primeiros salários foram em grande parte investidos em cursos de Inglês e Espanhol. Viajei muito a trabalho, conheci (bem) a França (é, eu tive que aprender a falar com aquele biquinho idiota...) e um pedacinho da Alemanha. Voei de asa delta. Saí da casa dos meus pais. Tomei minha dose de rasteiras. Cresci profissionalmente. Vivi muita coisa.

No final desse processo, com 28 anos e após um período de turbulência, me vi novamente solteiro no Rio de Janeiro, mas de posse de tudo aquilo que tinha me servido de desculpa na adolescência para não sair “barbarizando” por aí: carro, algum dinheiro guardado, um bom emprego, viajado, com uma fuça melhorzinha, e já com 83kg e um nível não-queniano de magreza. (A Juliana e a minha mãe chegam a afirmar que eu estou até bonito, e eu gosto de acreditar que elas são sinceras..........)

Até podia. Mas, mais uma vez, não senti a mínima vontade de partir para uma adolescência tardia. Pelo contrário, após apenas um mês de solteirice, descobri o que era paixão à primeira vista. Com 45 dias, o nome da Julia já estava escolhido e começamos a fazer planos para morar juntos. Oito meses depois, eu e a Juliana estávamos casados.

Com tudo isso, acho que posso dizer que essa fase "inconseqüente" não me fez ou faz falta. Sinceramente, acho que têm pessoas que simplesmente não têm essa necessidade de “aloprar” em um determinado momento da vida. Que se dane se o mundo nos taxar de “corretos, dedicados e certinhos”. De repente, num mundo em que ser inconseqüente é o normal, é até mais rebelde quem se atreve a ser certinho.

3 comentários:

Anônimo disse...

J, sorte a minha que vc não quis tirar o atraso quando estava solteiro! rsrsrs
Td aconteceu muito rápido, mas com muita certeza de que estavámos no caminho certo! E não é que estávamos mesmo!
Em menos de dois meses estaremos com a prova viva disto td nos nossos braços, a nossa Julia!
AMO VC!
Bjs Juli

Jorge disse...

Nossa, o seu texto mais uma vez está bem legal. E a Juli lendo e comentando o blog. Isso é que é ter moral!!! rs

Anônimo disse...

Cara, nao sabia que tinhamos tanto em comum com relacao ao estilo de vida na juventude. Claro que temos algumas razoes parecidas e outras nao, mas sorte sua poder ter comido no MC Donald's. Eu? Nem isso podia. TInha que ficar na fila do bandeijao da UFF mesmo. Com o tempo e os estágios, as coisas foram melhorando, e hoje eu consigo rir de todo o sacrifício feito para chegar onde estou. O bom disso tudo foi que deu certo.
Tambem nao aloprei na adolescencia por razoes financeiras mesmo. Nao sei como seria se tivesse dinheiro, mas sempre fui muito responsavel. Hoje, aos 29 anos, formado, com um bom emprego, viajado e morando no exterior, e nao adepto de comer no Mc Donald's, embora hoje eu possa (rsrssr), chego a dizer que.....até tenho aloprado um pouquinho sim. Já fiz coisas que em outras épocas até condenaria, mas continuo o mesmo responsável de sempre. Umas alopraçoes de vez em quando nao mata ninguem. hehehehehe
Hoje nao me considero taum certinho, embora muitas pessoas me vejam assim, mas como vc disse, que se danem eles. As vezes eu alopro, mas nunca de forma inconsenquente...Nao consigo....So eu sei por tudo que passei para chegar ate aqui.
Abraçao para vc.
O texto esta otimo.