quinta-feira, outubro 05, 2006

Everywhere? Why??

Vendo a frase por um lado diferente de meu caro amigo "J", me lembrei de algo importante que ouvi há muitos anos: nem tudo que é gostoso é bom.

O experimentalismo exagerado pode nos levar a cometer erros terríveis, por não enxergar bem a distinção entre "gostoso" e "bom". Gostoso é tudo aquilo que provoca um bem estar momentâneo, efêmero, passageiro. Comer um caixa de bombons de chocolate pode ser gostoso. Se drogar deve ser gostoso (se não fosse, então porque tanta gente estaria nessa?). Ficar com a primeira gostosa que te der mole na rua ou no trabalho pode ser gostoso.

Mas, raciocinando sistemicamente e a longo prazo, será que essas coisas, além de momentaneamente gostosas, seriam boas? "Boas", no sentido do longo prazo, do horizonte ampliado que nos permite enxergar as múltiplas consequências de uma única ação, como num jogo de derrubar dominós. Me empanturrar de chocolate para saciar uma ansiedade ou insegurança momentânea pode ser um alívio no curto prazo. No entanto, no longo prazo, isso tenderá a me fazer ganhar peso, o que pode reduzir minha auto-estima e realimentar o ciclo, fazendo com que a solução só amplie o problema. Me drogar quando me sentir triste ou sozinho pode aliviar minha dor momentaneamente mas, no longo prazo, só fará realimentar um ciclo vicioso de mais tristeza e solidão que culminará na minha auto-destruição como homem. Sair ficando com as vagabas da vida, a longo prazo, fatalmente destruiria meu casamento. Dane-se se minha esposa não descobrisse, o casamento estaria destruído dentro de mim, naquilo que ele tem de sagrado para mim.

Chorão, em um rompante raro de verdadeira poesia, já cantava: "Cada escolha, uma renúncia: isso é a vida." Acredito que temos que ser corajosos e ousados na vida, sempre. Mas sem permitir que toda essa audácia e abertura de pensamento nos leve a uma busca desenfreada da vivência do imediato, do aqui e agora, em detrimento do futuro, das nossas responsabilidades para conosco, para com as pessoas que cativamos e com as quais assumimos compromissos.
Coragem com maturidade. Eu não vou a qualquer lugar. Eu não faço o que me der na telha. Não porque não possa, mas simplesmente porque não quero.

Bad girls go everywhere? Bad girls can fuck themselves. Literally.

(Publicado originalmente por J em 09/08/2006)

Um comentário:

Jorge disse...

[J] [J@putzmail.com]
Blz, meu caro A! Valeu pela boas dicas para viajarmos na maionese e volte sempre! Abraços! J

09/08/2006 17:26



[JJ] [jj@hotmail.com]
Múltiplos comentários... Cheguei, gostei do blog e resolvi comentar, espero que o J e o J não se incomodem. Na verdade, uma das frases citadas abaixo: "Sem saber que era impossível, foi lá e fez." é uma frase do Abílio Diniz, no Livro Caminhos e Escolhas. Apesar de querer mostrar com essa frase que tudo é possível (até mesmo o impossível!), gosto desta frase pois ela me lembra outra, que um velho amigo me disse há mais de uma década: "A ignorância é uma dádiva". E é mesmo! Ser ignorante, sem levar para o lado pejorativo, pode nos tornar mais felizes, menos críticos, etc. pensem nisso... Um outro assunto que me chamou a atenção foi o "Eu ando pelo mundo...", que me lembrou um livro do sociólogo Zygmunt Bauman - O Turista e o Vagabundo. No livro ele diz que não existe felicidade plena pois todos nós nos encaixamos em um dos dois tipos acima citados, um limitado pelo tempo e o outro pelo espaço. Será? Se o J e o J permitirem, volto um dia... Parabéns pelo blog!

09/08/2006 17:20