segunda-feira, novembro 13, 2006

Infidelidade - Parte IV - FINAL (para entender melhor, leia a partir da parte I)

Outra justificativa curiosa para a infidelidade é a do “macho”. Nós, homens, somos fustigados desde muito novos com a cultura do “macho”. O mundo nos ensina que, para ser “macho”, é preciso mostrar virilidade, sair pegando e, sempre que possível, comendo geral. É preciso não recuar nunca de uma briga e ser sempre o último a gritar numa discussão de trânsito (ou pelo menos ser aquele que berra mais alto). É preciso dar vazão à nossa virilidade, mesmo que estejamos comprometidos com alguém. Se for preciso, minta descaradamente e depois conte rindo para os amigos, pois é a maior onda dar um balão sensacional. Afinal, o que os olhos não vêem, o coração não sente, não é?

O problema é que pouca gente percebe que viver essa busca do “ser macho” é se contentar em ser muito pouco. O cara que dedica a sua vida a ser o mais macho, o maior pegador, o mais brigão e o melhor “metedor de porrada”, no final das contas, ainda pode acabar sendo menos macho do que um cachorro de rua, do que um galo ou um cavalo que façam melhor as mesmas coisas. É contentar-se com muito pouco.

Para assumir compromissos duradouros, construir uma família e arcar com as responsabilidades e até com as renúncias que esse privilégio traz consigo, é preciso ser muito mais do que simplesmente macho. É preciso ser HOMEM. No caso das meninas, é preciso ser MULHER. É preciso lutar a vida toda para construir um caráter melhor e buscar viver com uma nobreza infinitamente maior do que o macho ou a cachorra, meramente animais movidos por instinto, seriam capazes.

Acredito que a raiz dos problemas e da infelicidade do ser humano, na grande maioria das vezes, está nas famílias malformadas, maltratadas, sofridas, abusadas, manchadas, traídas, desmanteladas. Pode procurar: por trás da grande maioria dos seres humanos infelizes ou de mau-caráter, existe uma família doente. Esse é o maior problema da infidelidade, ela mexe com as nossas relações mais importantes. É como diz a Marisa Monte: "Eu admiro o que não presta, eu escravizo quem eu gosto. Eu não entendo: eu trago o lixo para dentro."

A nossa família é o que a gente faz dela. Justamente quem já sofreu as dores de uma família manca deveria se esforçar em dobro para fazer melhor quando tivesse a oportunidade, e não usar a criação como desculpa para sair multiplicando o sofrimento pelo qual passou.

O mundo precisa de mais HOMENS e MULHERES, capazes de viver sua afetividade de forma mais madura e responsável, capazes de assumir compromissos maduros, de construir famílias melhores e gerar mais homens e mulheres ainda mais nobres.

O problema é que, infelizmente, HOMENS e MULHERES têm andado meio raros por aí.

4 comentários:

J disse...

Com certeza. Como eu disse, homens e mulheres, no sentido de possuírem mais grandeza do que meros bichos, independentemente até mesmo da opção sexual.

Sobre tudo e nada ao mesmo tempo disse...

Só posso dizer que assino em baixo, vc conseguiu descrever algo que sinto a um tempo, e quero acreditar que no mundo ainda existam Homens e Mulheres que deem valor a vida ao compromisso.

bjuss

Anônimo disse...

Oi ... é a primeira vez que estou por aqui e de cara li um texto interessante, SER HOMEM!
Homem na atitude de assumir para si um mundo, mundo perfeito ou as vezes imperfeito.
Família é a base, sim sem dúvidas e estamos cada dia mas perdendo este valor e que no meu ver estamos fazendo BURRADA!
Seja HOMEM menino, meu pai sempre me disse isso e eu me questionava mas como é ser HOMEM, o que eu preciso fazer para ser um HOMEM?
Foi difícil entender esta frase, não encontrava fórmula, receita ou até mesmo SEJA HOMEM em 10 PASSOS!
Pai, estou cada dia construindo este HOMEM que vc sempre pediu para que eu fosse, um HOMEM que tivesse a consciência de que este AZUL que estou vendo não é o CÉU!

Anônimo disse...

Ser homem, mulher, ou seja lá o que for é na verdade olhar a vida de frente, com dignidade e de acordo com os seus valores. Acredito que nos formamos enquando seres humanos quando nos aceitamos, sem hipocresia.