segunda-feira, novembro 13, 2006

Infidelidade - Parte III (para entender melhor, leia a partir da parte I)

Por tudo isso, por tudo mais que vivi e pelos valores que fui adquirindo na vida, eu tenho uma posição muito clara e segura a respeito da traição. Acho errado. Simples assim. Acho que a traição revela uma certa falha de caráter.

“Cada escolha, uma renúncia: isso é a vida”. Os problemas começam quando o ser humano tenta burlar essa regra básica da civilidade, tentando: (1) dar um jeito de obter duas coisas que deveriam ser mutuamente excludentes, (2) sem se preocupar com as conseqüências que isso acarretará para os outros, (3) evitando ao mesmo tempo incorrer em uma punição.

Se não está a fim de ser fiel, não se comprometa. Ou, se já está comprometido e sentiu que não vai conseguir ou não quer mais segurar o rojão, se separe e siga o seu caminho. Simples assim. Quer ficar na pista, pegar geral, fique à vontade. Não tem nada de errado. Mas seja honesto, com você mesmo e, sobretudo, com os outros. Ser vítima de uma infidelidade por parte de alguém que se ama muito (seja um cônjuge, seja um pai), é uma experiência traumática, uma ferida profunda que, se não trabalhada, é capaz de provocar um sentimento de desesperança no ser humano, tornando-o amargo e cínico.

A partir do momento em que se promete fidelidade a alguém, e começa-se a construir uma relação de confiança e de dependência emocional mútua, é preciso ser fiel a esse compromisso e à responsabilidade que ele traz consigo. Numa relação duradoura, cada parte torna-se responsável, de certa forma, pela felicidade do outro. Quanto maior a entrega, quanto maior a doação, quanto maior a partilha (do cotidiano, das intimidades, eventualmente dos filhos, etc.), quanto maior a abertura de si, maior o dano que uma infidelidade é capaz de provocar. É uma grande responsabilidade.

Um detalhe curioso é que não dá para dizer que seja errado sentir algo por alguém de fora da relação, seja tesão, seja atração, sei lá. Instinto é algo que não dá para controlar e nem é para se culpar por isso, todo mundo está sujeito. Se esse tipo de sensação é muito recorrente, pode até ser um sinal de que algo está errado na relação, ou mesmo que algum conceito ou valor precisa ser melhor trabalhado interiormente. Mas o erro, propriamente dito, ocorre quando a pessoa começa a alimentar esse sentimento, iniciando um processo que fatalmente, um dia, culminará com a infidelidade propriamente dita. Na verdade, se formos ver a coisa dessa forma, é possível perceber que a infidelidade geralmente começa bem antes da concretização do ato. Por conta disso, acho que quem quer construir uma relação duradoura deveria buscar evitar se expor a certas situações. Traduzindo para o bom português, e citando um exemplo extremo e prático, se eu tenho a intenção de ser fiel, me enfiar num puteiro e encher a cara de birita com meus amigos mais sacanas pode não ser uma atitude das mais inteligentes...

Também ocorre que toda relação tem seus momentos de altos e baixos. É preciso maturidade para reconhecer que isso é natural, que esses momentos passam e que nem por isso justifica-se sair aloprando por aí a cada vez que isso acontecer. Se a fase ruim começar a demorar demais para passar, é preciso coragem para reconhecer que algo está errado, ou mesmo que simplesmente mudou e que a relação não pode continuar. Muitas vezes, é possível que uma traição ocorra porque faltou coragem à pessoa para tomar uma atitude e terminar a relação antes de fazer uma besteira. Convenhamos, a falta de coragem (que, no fundo, nada mais é do que um eufemismo para a covardia) é uma “justificativa” algo deprimente.

(Continua...)

3 comentários:

Jorge disse...

Acho que vc está super certo quanto a infidelidade. Quando começamos a "olhar demais para os lados", é um sinal de que as coisas não estão certas. Ter a coragem de admitir isso e partir para outra ou mesmo saber reconhecer isso, é o que faz toda diferença. Eu já passei por isso e sei bem como é. Realmente, a vida é feita de escolhas. Cabe a nós sabermos como administrar nossas vidas!

Anônimo disse...

concordo com tudim =)

KahSilva disse...

Eu li as partes anteriores, e só posso dizer que uma traição sempre terá consequencias, na maioria das vezes ruins, mas em algumas vezes a relação pode se fortalecer, quando ambos se perdoam e mesmo apesar da magoa deixam o amor prevalecer e renascer fortalecido.
Gostei muito do modo tranquilo como você expos sua vida, parabéns pela coragem.Beijo!