terça-feira, janeiro 23, 2007

Nunca houve uma mulher como Elis!!!


Na semana passada fez 25 anos da morte de Elis Regina. Para mim e para muitos, a maior cantora do Brasil. Lógico que existiram - e existem - grandes cantoras no Brasil. Acho que nosso país é bastante rico em cantoras, principalmente. Porém, nenhuma tinha uma técnica vocal, afinação e se entregava no palco como Elis. Ela sorria, chorava e se entregava cantando.
Quem não conhece muito a performance dessa artista ao vivo, deveria ver os DVD`s que foram lançados pela Trama. Neles, ela se mostra engraçada, polêmica, emotiva, mil mulheres em uma só. Lendo o jornal O Globo de sexta passada, li uma citação de que Elis foi embora cedo demais porque cumpriu tudo que deveria em um pequeno espaço de tempo. Pode até ser, mas não é nem um pouco justo.
Eu me lembro mais de Elis por influência da minha mãe. E olha que minha mãe nunca foi uma apaixonada por música, por comprar vinil, fitas. Eu não sei a quem eu puxei nisso, já que sou um aficcionado por tais coisas (só que agora não mais vinil e fitas, mas já as tive um dia!!!). Quando Elis partiu, eu tinha apenas 5 anos. Mas lembro desse dia, que os adultos falavam muito disso. E eu pouco ainda conhecia dessa artista.
25 anos depois, eu já li o livro Furacão Elis, tenho alguns CD`s, vi algumas homenagens, tenho os DVD`s, sou fã dos filhos dela. Acho Maria Rita fantástica! Por mais que não tente copiar a mãe, a genética fala alto quando ela canta, a forma que se mostra no palco e até na maneira de selecionar seu repertório. Sim, Elis era conhecida por cantar novos compositores, como Milton Nascimento, João Bosco, Guilherme Arantes, por exemplo. E Maria Rita assim o faz, cantando músicas do Marcelo Camelo, Falcão, Rodrigo Maranhão... Além disso, ainda canta outros compositores nem tão na mídia como Lenine e outros consagrados, como Chico Buarque. Elis também fazia isso com Belchior, Tom Jobim...
O repertório de Elis era um primor. Cantava músicas que praticamente viravam dela. Atrás da Porta ela praticamente roubou de Chico Buarque. Com Como nossos pais, fez o mesmo com Belchior. E ainda teve O bêbado e a equilibrista, canção de João Bosco e Aldir Blanc, que virou hino da anistia, em plena ditadura.
Há alguns anos, Diogo Vilella quis levar aos palcos a vida de Elis Regina. Dirigiu uma peça que foi sucesso de público, porém foi apedrejado pela drítica e por muitos que conheciam a obra da artista. Eu vi e gostei, mais pela homenagem, pelas músicas do que pela montagem em si. Depois dessa experiência, o Diogo afirmou que foi um dos períodos que mais sofreu, pois era ele teve noção, sentiu na pele, o que era mexer com um mito. A Globo fez uma homenagem no final do ano, super correta, mas curta, sobre a vida da Elis Regina. E mais uma vez, a conclusão que se chegou foi a de que era impossível traduzir Elis. Talvez Regina Echeverria, com seu livro Furacão Elis, foi a que tenha chegado mais perto. Eu li e recomendo. Porém Elis é mais que tudo que foi escrito. Elis é imortal. Elis é um mito. Elis é uma estrela!

"Agora o braço não é mais o braço erguido num grito de gol. Agora o braço é uma linha, um traço um rastro espelhado e brilhante. E todas as figuras são assim: desenhos de luz, agrupamentos de pontos, de partículas, um quadro de impulsos, um processamento de sinais. E assim - dizem - recontam a vida. Agora retiram de mim a cobertura de carne e escorrem todo o sangue, afinam os ossos em fios luminosos - E aí estou pelo salão pelas casas, pelas cidades parecidas comigo. Um rascunho, uma forma nebulosa, feita de luz e sombras, como uma estrela. Agora eu sou uma estrela!!! "

7 comentários:

Anônimo disse...

Não conheço tanto a Elis quanto você, mas ela me emociona demais! É impossível não se sentir tocado ao vê-la cantando com lágrimas nos olhos ou quase gargalhando.
É realmente um mito da música popular brasileira.

Anônimo disse...

voce escreve demais aderbal!!!!!!!!!
sim ,Elis foi impar!
tanto q ate adotei ela como se fosse da minha geracao!

Tuka disse...

Elis morreu jovem demais. E realmente, não haverá uma mulher como ela.

Anônimo disse...

Nossa...to chocado com a qualidade do texto.
Foi um choque bom...por saber que tenho um amigo que escreve tão bem e graças a esse BLOG eu descobri isso.
Muito bom poder te conhecer mais através daqui. Voce sabe que é uma pessoa um tanto e quanto fechada e por isso talvez muitos dos seus amigos não saibam muito bem como voce é. Pode até ser uma observação meio pretenciosa minha, eu que sou seu amigo mesmo há nem tanto tempo assim, mas é a impressão que eu tenho.
O mais legal disso é que mesmo estando longe, ainda assim o processo de conhecimento continua por causa desse espaço.

Adoro passar por aqui para ler os seus textos e os do J. Quando nao passo é por estou enrolado mesmo.

Abração

Jorge disse...

Arthur, vc é mais novo mas já conhece bastante as coisas boas da música.
Rod, eu escrevo demais segundo vc, mas olha que eu cortei algumas coisas ainda! É meu jeito.
Tuka, realmente Elis é única e ponto final!
Ed, é bom ler o que vc escreveu e perceber que vc entendeu qual o real motivo de ter um blog: me revelar mais para os amigos. Como vc está fora do Brasil, acho que vc acaba tendo maior sensibilidade para perceber isso. Ponto para vc. Aliás, acho que vc deveria ter um, pois tem muitas boas histórias para contar - e que eu adoraria saber...

KahSilva disse...

Poxa,falou tudo de Elis.Não consigo imaginar ninguém melhor prá cantar o Bêbado e o Equilibrista,parece que a música só é real quando ela canta.Falando em presença de palco(como se falou do Chico em outro post),que presença ela tinha,nos comovia,nem parecia ser tão pequena,crescia alguns metros quando cantava e tudo girava em torno dela.Ela é a perfeita definição de uma estrela.Um beijo!!

Anônimo disse...

Elis é única. Emociona. E é sempre tão atual.