sexta-feira, janeiro 05, 2007

102 Minutos

Ano passado eu li um livro que mexeu muito comigo: 102 Minutos. Esse livro foi escrito por Jim Dwyer e Kevin Flynn, dois veteranos repórteres do New York Times. No livro, que tem o subtítulo A História Inédita da Luta Pela Vida nas Torres Gêmeas, os autores mostram minuto a minuto o pânico das pessoas no World Trade Center, na manhã do 11 de setembro de 2001.
Me lembro bem que nesse dia eu estava trabalhando e me deram a notícia de que um avião havia se chocado contra uma torre do WTC. Logo depois, me disseram que outro avião havia se chocado contra a segunda torre. Eu pouco conhecia as torres gêmeas, mas me lembro que somente quando eu as vi caindo é que me dei conta do terror que aquilo representava e tive certeza que estava diante de um fato, bastante trágico, que entraria pra história.
Ainda tinha a questão dos terroristas terem desafiado os EUA, a nação mais poderosa do mundo. Não era somente um mega atentado, por derrubar 2 torres. Era um ataque a tudo que os EUA representam para o mundo, com seu capitalismo desenfreado. Realmente foi algo bem chocante ver os aviões se chocando contra as torres, pessoas se jogando dos prédios e as torres desabando.
Depois de um tempo, ao saber mais histórias das torres, pude traçar uma comparação com o Titanic, que era um navio que achavam que nunca afundaria. E com as torres, todos diziam que elas eram imbatíveis, tendo em vista que até haviam resistido a um atentado terrorista em 1993.
O livro nos conta muitos detalhes. Conversas gravadas, rádios passados por bombeiros e policiais, e-mails trocados por pessoas que estavam dentro da torre, últimos telefonemas. Se você acha que já havia visto tudo sobre o 11 de setembro, ledo engano. No livro eles nos narram a história desde o instante em que o primeiro avião atingiu a Torre Norte até o desabamento do segundo arranha-céu. Enfim, são 102 minutos de pura tragédia.
Pude constatar que a história é muito mais complexa do que eu imaginava, assim como a tragédia em si toma proporções bem maiores. Fiquei muito impressionado, vendo como houve falta de comunicação, problemas entre as pessoas que tentavam salvar as vítimas. Porém o livro narra histórias fantásticas, de bombeiros e pessoas comuns, como o Frank de Martini, que poderia estar vivo nesse momento, porém decidiu ficar no prédio e com isso salvou algumas vidas.
Em vários momentos do livro, principalmente os momentos finais, eu me senti bastante angustiado, com um certo medo mesmo, pois me colocava no lugar das pessoas. Muitas nem sabiam o que estava acontecendo, outras muito menos sabiam que uma torre já havia desabado. E sem contar aquelas da Torre Norte, que estavam acima do local do choque do avião, que ficaram presas, pois não tinham escadas para descer. E ainda as pessoas da Torre Sul, que até tinham uma escada desbloqueada, mas poucos souberam dessa informação.
No livro constata-se a ganância, mudança de leis para que os prédios pudessem ter mais espaços locáveis - com isso diminuindo o espaço das escadas e concentrando-as em apenas um local das torres. E também pude notar que por mais que uma cidade como Nova York, praticamente a capital do mundo, que se prepara para n desafios, não estava preparada para tal situação. Afinal, nem Hollywood poderia prever tal catástrofe.
Com isso, fica a lição de que as pessoas podem ser muito cruéis e que não é o petróleo, não é a religião, não é a diferença social, enfim, nada tem o direito de nos privar de nossa liberdade e bem estar. E que episódios como esse, nos provam que estamos ainda muito distante de dias de paz...

4 comentários:

Anônimo disse...

Pode ser besteira, mas ainda tenho fé que eu possa ver um mundo melhor, com menos ganância e egoísmo. Estou esperando, torcendo e tentando fazer a minha parte.

KahSilva disse...

Olá!!Saudades daqui!!Eu fico impressionada em ver como o ser humano pode ser cruel.mesmo assim acredito que ainda há gente decente no mundo, e que são elas que nos fazem acreditar que o mundo ainda tem jeito.Um beijo e boa semana!!

J disse...

Eu me pergunto se haveria algum livro semelhante narrando o terror das famílias mortas com fogo atômico em Hiroshima e Nagasaki.

Não que uma coisa justifique a outra, até porque o Japão também foi bem FDP testando armas químicas e biológicas na China durante o seu rompante imperialista na Segunda Guerra. Se uma atrocidade dessas for justificando a outra, o rosário vai parar lá no primeiro macaquinho FDP que rachou a cabeça de outro, láááá na pré-história.

O que quero dizer é que a violência é estúpida em qualquer caso. Mas, independentemente disso, me impressiona o quanto os EUA vivem numa ilusão patética de terem sido meras vítimas de um ataque covarde, quando na verdade eles próprios foram perpretradores de diversas monstruosidades desse tipo ao longo da história, inclusive recente.

Jorge disse...

É J., concordo com vc. Quando eu postei sobre o livro, foi para destacar uma barbárie da qual tive lembranças e que foram reacesas ao ler. Agora acho que posar de vítima apenas, os EUA estão longe disso, até pq tem muita culpa no cartório. Mas no final, quem morreu foram seres humanos e aí reside a tragédia!