quinta-feira, janeiro 11, 2007

Ainda a traição

Concordo que trair não é necessariamente sinônimo de ficar com outra pessoa fora do relacionamento, justamente porque há relacionamentos em que as pessoas regulam o nível de compromisso em patamares variados. Eu, na minha visão pessoal, não acho saudável, mas precisamos respeitar esse tipo de decisão, que é exclusivamente do casal, e ninguém tem nada a ver com isso, cada um que cuide de si.

Mas o que é preciso lembrar é que esse modelo da relação aberta não é, nem de longe, a realidade da grande maioria dos relacionamentos por aí. A partir do momento em que se começa um namoro, ou em que se ambarca num casamento, existe um entendimento, ainda que TÁCITO, de que o compromisso exige fidelidade, em termos sexuais e afetivos, a não ser que se diga algo em contrário.

Na verdade, justamente por ser esse um entendimento tão comum e corriqueiro (o de fidelidade sexual e afetiva), para que haja qualquer tipo de acordo em relação à chamada "relação aberta", é preciso verbalizar e discutir isso abertamente, pois esse é um tipo de relacionamento de exceção, e não a regra. (É importante frisar que utilizo a expressão "regra", no sentido simplesmente do que existe de mais COMUM em termos de EXPECTATIVA das pessoas, portanto não me refiro a regras de conduta ou de moral de qualquer tipo.)

Dito isso, e não tendo havido qualquer entendimento expresso e claro no sentido de instituir regras para uma "relação aberta", não tem para onde correr: infidelidade sexual ou afetiva, quando se está num relacionamento estável, seja ele um namoro ou um casamento, é traição sim. É traição porque comeu a outra mulher? É traição porque ficou flertando com a perua no trabalho? É traição porque ficou secando a mulherada na rua? Não. Não. Não. É traição porque fez qualquer uma dessas coisas, tendo no entanto firmado um acordo (ainda que tácito) com a pessoa com a qual está se relacionando, traindo assim a sua confiança.

Agora, se o relacionamento fosse declaradamente aberto, e desde que nenhuma dessas coisas excedesse os limites de abertura previamente combinados pelo casal, haveria traição? Não. Simples assim.

É engraçado como as pessoas gostam de torcer a realidade para justificar seus atos. Tive duas discussões praticamente idênticas com dois amigos meus, em épocas diferentes, a respeito de fidelidade. Os dois argumentavam, de forma muito semelhante, que comer uma "menina de vida fácil" (fácil nada...) ou uma outra menina qualquer esporadicamente, desde que não houvesse envolvimento emocional, não implicaria traição às esposas. No entanto, quando perguntei o que eles achariam se as esposas pagassem a um cara fortão e bonitão para "dar umas bombadas maneiras nelas", ambos imediatamente torceram o nariz para a situação e disseram que "de jeito nenhum!"

O que isso quer dizer? Simples. No caso de ambos, o "acordo" de abertura sexual no relacionamento, além de nunca ter sido feito com as respectivas esposas, só poderia valer para eles! Ou seja, balela pura, na medida em que não pode existir um acordo bilateral, celebrado sem o consentimento de uma das partes (rsrsrs)! Porra (rsrsrsrs)!!! Em ambos os casos, muito pelo contrário, os dois faziam juras explícitas de fidelidade às suas respectivas, sem mencionar restrição alguma em termos de fidelidade sexual ou afetiva. Esse é um perfeito exemplo de traição. "Ah, mas e se houvesse o tal acordo explícito e claro a respeito de abertura no relacionamento?" Nesse caso (que não era o caso, como não é o caso da grossa maioria dos casais), não seria traição, pois não é o ato em si, mas é a mentira, ou o abuso da confiança, que caracteriza uma traição. Simples assim.

3 comentários:

Sobre tudo e nada ao mesmo tempo disse...

O caso que você citou de seus amigos, é a grande realidade de muitos homens por ai, onde acham que eles teem o dever e o direito de dar umas escapinhas sem "significado", enquanto nós mulheres temos o dever de nos mantermos fieis. E acredite ouvi essa historinha da boca do meu ex, que ele fazia por que era homem e era normal, e eu como sendo mulher jamais poderia fazer, e ainda tinha que esperar por ele depois da separação que eu me guardasse e me preserva-se que não deixasse mais homem algum tocar em mim.... o pior o cara se diz moderno e só tem 29 anos, pode ?! Pra mim é o cumulo do absurdo, ou os dois ou nenhum !!!!


Beijos

Sobre tudo e nada ao mesmo tempo disse...

OI J, pode sim colocar o link, obrigada pelo comentario...
bjuss

KahSilva disse...

Oi J!essa história de fifelidade é complicada, pois já vem implicíto para as meninas desde bem pequena(é claro que agora no século 21 mudou um pouco)de que se deve perdoar os homens quando isso acontece pois é do"instinto" deles, então é normal.Agora em se tratando da mulher a coisa vira completamente de figura.O que deve valer mesmo é que seja conversado sobre isso na fase inicial do relacionamente,principalmente os tais"abertos", para que não acha cobrança depoisBom ,como eu sou da velha escola, desde que eu não fique sabendo, ele que se entenda com sua consciencia, quanto a mim, acho que fidelidade é imprescindível.Ótimo tema!!!Bom finalzinho de semana.