terça-feira, abril 17, 2007

Malthus é que tinha razão...

O autor do livro "Freakanomics", um economista (agora, de renome), tece algumas analises bem interessantes da sociedade em geral, a partir do uso de ferramentas de regressão estatística/econometria.

Entre seus achados, está uma conclusão muito interessante. Ele encontrou uma relação entre a legalização do aborto em um estado americano há vinte anos atrás, com uma expressiva diminuição nas estatísticas de crimes violentos no presente. Segundo ele, ao legalizar o aborto, o estado evitou a chegada ao mundo de um sem-número de crianças de pais pobres, ou de famílias desestruturadas. Muitos desses não-nascidos, estatisticamente, possuiriam uma forte tendência à criminalidade, devido à sua criação e condições de vida, o que acabou resultando na diminuição dos índices de criminalidade no presente.

O governador do Rio, Sérgio Cabral, outro dia mesmo mencionou ser favorável à legalização do aborto, com vistas a esse mesmo efeito descrito no estudo do Freakanomics.

Acho interessantíssimo o achado do economista. No entanto, em princípio (afinal, qualquer regra de conduta sem exceções torna-se tirana), sou contra o aborto (minhas razões ficam para outro post), ainda mais depois que fui pai. No entanto, há outros mecanismos capazes de gerar o mesmo efeito, ao evitar o nascimento desses marginais/marginalizados em potencial.

Por exemplo, os hospitais públicos, ao realizar o segundo parto de mulheres carentes, a não ser que essas mulheres fossem capazes de comprovar ter condições financeiras mínimas para criar um terceiro filho (chute-se um valor qualquer), deveriam ser autorizados, por lei, a realizar laqueaduras de forma compulsória.

Isso pode soar fascista, mas a verdade é que o interesse da coletividade se sobrepõe ao interesse dos indivíduos. Tem que se sobrepor, senão vira zona. Este conceito, inclusive, está presente na Constituição da República, em diversas leis que versam sobre os mais variados assuntos.

Essa seria uma solução drástica mas, a meu ver, menos drástica e infinitamente menos cruel do que legalizar o assassinato de inúmeros fetinhos já concebidos que, mesmo na impossibilidade de serem criados com as mínimas condições pelos pais, ainda poderiam ser encaminhados para um sistema de adoção eficiente, terem a chance de se desenvolver e de participar da sociedade da forma sadia que todo mundo deveria poder.

Mas, vivendo no país dos paliativos, das soluções simplificadas e pela metade, acho muito difícil tudo isso acontecer...

5 comentários:

KahSilva disse...

Eu fico pensando, se fosse legalizado no Brasil, quem seriam os privilegiados?Os ricos ,claro, que teriam"mais chances"de usufruir tal beneficio.Mas abe se pensarmos friamente na coisa, até que o tal do malthus tem razão, já que até as estátisticas comprovam.Sou completamente a favor de fazer laqueadura em mulheres pobres com mais de 2 filhos.Teve um médico aqui na minha cidade que foi preso por isso.Um beijo e ótimo restinho de semana!!!

Anônimo disse...

Devíamos ter sim um "controle de natalidade", palestras, distribuição de camisinha e instrução às pessoas carentes

Jorge disse...

Eu concordo com a Carla!

Bel disse...

Gostei, gostei...

Eu disse...

Em tese, generalizando, sem se aproximar dos detalhes da vida real, a sua idéia pode parecer interessante. Mas, como você mesmo disse sobre seu pensamento ter mudado depois de ser pai (no caso, ser "mais" contra o aborto), cada caso é um caso, as causas são muitas, variam as razões, os porquês...
Essa história de "mulheres pobres" não me soou bem.
Acredito sim que a questão necessite de uma ação, só não acredito simplificá-la seja o correto. São muitas as variantes.