segunda-feira, dezembro 04, 2006

A (perigosa) conveniência das convenções

Aproveitando a deixa da Liliany, gostaria de acrescentar algumas reflexões a esse tema interessante:

Obviamente, como em tudo que se refere ao ser humano, esta não é uma questão binária, do tipo "dito as regras" x "não dito as regras", portanto não há pessoas 100% acomodadas, como também não existem pessoas 100% reacionárias e autênticas (apesar de muita gente gostar de achar que é). Nós transitamos entre esses dois extremos.

O fato é que há um certo conforto em ter convenções já estabelecidas para orientar nossas decisões. Infelizmente, eu creio que exista uma tendência a que a grande maioria das pessoas possua uma certa aversão a ditar as regras na vida, preferindo que alguém lhes diga o que fazer. Isso é cômodo e elimina os riscos de tomar uma decisão errada. Além disso, há um certo "status quo" em ser uma pessoa totalmente adaptada às convenções, do qual a maioria das pessoas não estaria disposta a abrir mão, em prol da reles "personalidade".

No extremo oposto do espectro, há aqueles que se autointitulam "100%" autênticos", mas que, no fundo, simplesmente abriram mão de uma convenção em prol de outra, ou seja, a convenção do "ser diferente". Se a moda for verde, vista branco. Se mudar para branco, vista preto. Se aquela banda underground acabar se popularizando um pouco mais, então ela deixou de ser boa e vamos em busca de uma nova banda desconhecida para cultuar e podermos dizer que temos personalidade! Ora, se a regra é simplesmente ser diferente, ou "do contra", então no fundo a pessoa só passa a ser escrava de outra convenção!! Esquisito, não?

Por isso, achei muito interessante o posicionamento da Liliany. Se a moda ou a convenção te agrada, simplesmente use-a. Se não, pese os prós e contras e descarte-a. Ser advogado e ir contra a convenção do uso de terno nos tribunais pode se revelar uma tarefa meio difícil, mas outras convenções serão mais fáceis de quebrar.

Tente agradar mais a si mesmo, e menos aos outros, até porque é impossível agradar a todo mundo e se manter coerente ao mesmo tempo. Que dirá, feliz.

3 comentários:

Carina disse...

Adorei os posts(todos os que eu consegui ler até agora), adorei saber que ainda existem homens de verdade e que algumas pessoas ainda pensam e filosofam!
Adorei tudo!

KahSilva disse...

Oi,saudades!Estava com problemas, então desculpe o sumiço,mas agora que está tudo certinho estarei por aqui novamente.Adoro ler seus textos bem escritos ,coerentes e sempre muito oportunos.Corcondo contigo quando dizes que temos que agradar mais a nós mesmos, pois tentar agradar a todo mundo é o primeiro passo prá perdição.Beijo!

J disse...

Valeu! Bem que estava achando seu blog meio parado, que bom que voltou a escrever!